Aos nossos leitores,
Após mais de uma década nesse espaço, com mais de 140 artigos em torno do vinho, inicia-se uma nova fase, com um novo site (e não mais um blog): CB, The Wine Hunter.
Aos nossos leitores,
Após mais de uma década nesse espaço, com mais de 140 artigos em torno do vinho, inicia-se uma nova fase, com um novo site (e não mais um blog): CB, The Wine Hunter.
· · Cava de Guarda: a categoria mais simples, com mínimo de 9 meses de envelhecimento em garrafa;
Podemos dizer que o filme Sideways – Entre Umas e Outras (2004) do diretor Alexander Payne popularizou não apenas a uva Pinot Noir (em detrimento da Merlot) como também os filmes que tenham como tema principal ou como pano de fundo o vinho e a gastronomia.
Infelizmente não há dublagem nem legendas em português (pelo menos, até agora não achei), e nem sempre estão disponíveis as legendas em inglês.
Acabei por
descobrir uma pequena vinícola nos arredores de Tomar, com o sugestivo nome de
Herdade dos Templários. Com a curiosidade aguçada, estabeleci contato e agendei
uma visita.
No final de uma ensolarada e agradável manhã de sábado, cheguei com meu grupo na Quinta do Cavalinho, onde se situa a Herdade dos Templários, na localidade de Valdonas, nas cercanias de Tomar. Fomos recebidos pela Sra. Andreia Neto, responsável pelo enoturismo da vinícola.
Iniciamos
nossa visita com uma caminhada pelos vinhedos seguida de uma visita às
instalações da adega, brindados com explicações sobre a história da
propriedade, as vinhas e uvas ali plantadas e os vinhos elaborados.
A Herdade dos Templários, fundada em 1989, é uma vinícola familiar, com uma produção pequena, e cujos vinhos podem facilmente ser encontrados em Tomar.
As uvas plantadas na quinta da Herdade dos Templários são Touriga Nacional, Castelão, Aragonez, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot, Alicante Bouschet, Moscatel Galego Roxo (tintas), Fernão Pires, Chardonnay, Arinto, Riesling e Sauvignon Blanc (brancas).Os solos em
que as vinhas estão plantadas são argilosos e calcários com presença de xisto.
Após a
visita ao vinhedo e às instalações da adega, passamos para a aconchegante sala
de provas.
Degustamos
alguns dos vinhos da Herdade dos Templários:
Além dos vinhos destacados acima, comprei e provei dias depois, ainda em Portugal, o Herdade dos Templários Grande Escolha DOC Tejo Tomar 2018. Um delicioso monovarietal elaborado com a Touriga Nacional, com estágio de 15 meses em barricas de carvalho. Vinho elegante, bem representativo da tipicidade da casta, com notas de violeta, alcaçuz e framboesas.
A Herdade dos Templários produz outros vinhos, como um monovarietal de Merlot. Porém, por sua produção pequena, não estavam disponíveis quando fomos em janeiro.
Tomar por si só já é um destino imperdível em Portugal, porém conjugada com uma visita à Herdade dos Templários tornou ainda mais especial a viagem!
Saúde!
A Herdade do Esporão dispensa apresentações. Reconhecida pela alta qualidade de seus vinhos, é um dos embaixadores do vinho português, em especial os alentejanos.
Como tive a oportunidade de escrever antes, a história da Herdade do Esporão remonta ao século XIII. Porém, é em 1973 que se inicia sua história como vinícola, ano em que José Roquette e Joaquim Bandeira adquiriram a Herdade do Esporão.
Após superar as dificuldades dos
primeiros anos, é em 1985 que realiza sua primeira colheita ano em que lançou a
marca Esporão.
Nesses quase 50 anos, o grupo Esporão se consolidou e se expandiu. Além de estabelecer no mercado os vinhos da Herdade do Esporão, desenvolveu outros projetos, como a Quintados Murças, no Douro; a Quinta do Ameal, na região demarcada dos Vinhos Verdes; e recentemente uma pequena cervejaria artesanal no Porto.
No evento foram
degustados os vinhos Torre do Esporão das safras 2007, 2011 e 2017 (o
2004 está esgotado), todos vinhos únicos e especiais.
Já o 2011 apresenta um assemblage
de Touriga Franca (40%), Alicante Bouschet (30%) e Syrah (30%),
com estágio de 18 meses em barricas novas e três anos em garrafa. Apresentou
taninos em harmonia com a acidez, com muita concentração e notas de frutas
negras, cacau, menta e algumas notas de especiarias com final longo e
persistente. Um belíssimo vinho com muitos anos de vida pela frente.
A Aragonez é
oriunda da Vinha Canto do Zé Cruz plantada em 1980 a 200 metros de altitude,
com solos franco-arenosos com presença de granito e argila após 20 metros de
profundidade; a Touriga Franca vem da Vinha do Rochedo (plantada
em 2005 também a 200 metros de altitude, com solos de transição entre xisto e granito com
textura franco-arenosa) e a Touriga Nacional vem da Vinha do Badeco plantada
em 1988 a 200 metros de altitude (solos xistosos), todas parcelas dentro da Herdade
do Esporão, em Reguengos de Monsaraz.
Já a Alicante
Bouschet é oriunda de dois terroirs distintos. 15% dos 25% de Alicante
Bosuchet são oriundos da Vinha das Palmeiras, da vizinha Herdade
dos Perdigões, em Reguengos de Monsaraz. Plantada em 1996 a 225
metros de altitude, essa parcela apresenta solos argilosos e profundos com
excelente drenagem.
Cada uva é fermentada
separadamente, inclusive as parcelas de Alicante Bouschet, com exceção
das duas Tourigas que são co-fermentadas. A Alicante Bouschet não
passa por pisa.
Uma noite mágica com
uma inesquecível e histórica degustação de vinhos especiais! Saúde!
No
ano de 1918 a propriedade é adquirida por Constantino de Almeida, respeitado
produtor de vinho do Porto e brandy. A partir de 1923 o filho de
Constantino, Fernando Moreira d’Almeida, assume o negócio continuando com a
produção de vinho do Porto.
No
início da década de 1980 Leonor Roquette, filha de Fernando Moreira d’Almeida,
assume juntamente com seu marido Jorge Roquette a gestão Quinta do Crasto
e iniciam a expansão da vinícola, juntamente com seus filhos Rita, Miguel e
Tomás.
Em 1994 começam a elaborar vinhos tranquilos com a DOC Douro. A partir daí remodelam as instalações e plantam novas vinhas, modernizando a Quinta do Crasto.
Na
década de 2000 adquirem mais duas propriedades, a Quinta da Cabreira
(2000) e a Quinta do Querindelo (2006).
A
Quinta do Crasto teve ainda um relevantíssimo papel na promoção dos
vinhos “de mesa” (não fortificados) do Douro, mostrando ao mundo que o Douro
tinha ainda mais a oferecer além do vinho do Porto. O projeto Douro Boys nasce
em 2003 para promover internacionalmente os vinhos tranquilos do Douro. O
projeto tinha como integrantes João Ferreira Álvares Ribeiro e Francisco
Ferreira (Quinta do Vallado), Cristiano van Zeller (Van Zeller &
Co), Dirk van der Niepoort (Niepoort), Francisco “Xito” Olazábal (Quinta
do Vale Meão), Miguel e Tomás Roquette (Quinta do Crasto). O projeto
dos Douro Boys trouxe, assim, visibilidade aos vinhos tranquilos do
Douro.
Os
vinhos da Quinta do Crasto me foram apresentados muitos anos atrás, em
2006. Naquele ano, participei, no Rio de Janeiro, de uma inesquecível
degustação. Na ocasião, provei os vinhos de alta gama da Quinta do Crasto:
Vinha Maria Teresa 2003, Vinha da Ponte 2003, Touriga Nacional 2003 e Xisto
2003, todos em sua primeira safra.
Essa
degustação, além de mudar como até então conhecia os vinhos tranquilos do
Douro, tornou-me um ardoroso fã dos vinhos da Quinta do Crasto.
Nos
anos seguintes, tive a sorte e o privilégio de conhecer os demais vinhos da Quinta
do Crasto e revisitar o Xisto 2003 - já com 10 anos - e o Maria
Teresa 2003 (leia aqui). Degustei diversas safras de todos os vinhos,
sempre com dois pontos destacados: a altíssima qualidade e o respeito aos
diversos terroirs explorados pela Quinta do Crasto.
Porém,
ainda faltava uma coisa: visitar a Quinta do Crasto e provar alguns de
seus vinhos in loco. Por razões diversas, nas vezes que havia estado no
Douro não tinha conseguido visitar a vinícola. Porém, isso mudou no início
desse ano.
Em uma ensolarada e fria tarde de janeiro, após percorrer uma estradinha cenográfica e com muitas curvas, avistamos a Quinta do Crasto.
Era
a primeira viagem internacional “pós-pandemia” e estava ansioso para voltar a
visitar regiões vinícolas.
Chegamos
na Quinta do Crasto por volta de 13h.
Na
sequência, fomos até os lagares (usados na vinícola apenas para os vinhos
“monocastas”, os “monovinhas” e para p Reserva Vinhas Velhas), as instalações
com as imponentes cubas personalizadas e encerramos na belíssima sala de
barricas da Quinta do Crasto.
Passamos,
então, para a Casa Centenária e na sala de jantar fizemos provas dos vinhos (Crasto
Douro Branco 2019, Crasto Douro Tinto 2019, Crasto Superior Douro 2017, Quinta
do Crasto Douro Reserva Vinhas Velhas 2018, Quinta do Crasto Porto LBV 2015).
Finalizamos
com uma ida até a piscina de borda infinita com o Douro ao fundo, para terminar
a visita com mais uma taça do Quinta do Crasto Douro Reserva Vinhas Velhas
2018.
Um
sonho realizado e uma visita inesquecível! Saúde!