Desde a infância, formamos nossa constelação de sabores e aromas, que podem até mesmo significar prisões sensoriais da vida adulta.
É claro que não há profissão de fé para o caldinho de mocotó, mas há aqueles que só tomam CocaCola e fazem cara feia para o garçom quando o restaurante só trabalha com Pepsi. Há outros que só tomam milkshake do Bob’s e há também aqueles que só apreciam vinhos varietais muito encorpados (ooops... deste grupo há até mesmo quem virou métrica de vinho).
Enfim, é natural que na gastronomia e na degustação de vinho busquemos os sabores e aromas que nos despertam maior prazer e a métrica do prazer é algo puramente subjetivo.
Em regiões onde não se produz vinho ou nos grandes centos urbanos, construir um único paladar ou identificar-se com um único “jeitão” de vinho – se me concedem a “licença poética” - é mais difícil. Alí não há uma tradição do vinho como elemento do cotidiano das pessoas. Ao contário – e isto ocorre com frequencia nos centros urbanos – o vinho se torna um refúgio para aqueles que querem sair da rotina e desejam experimentar algo diferente.
No entanto, em regiões com tradição no cultivo de uvas viníferas e de produção – doméstica ou comercial – de vinho, há, por assim dizer, um paladar coletivo pelo vinho local. É como uma memória olfato-gustativa que se transmite por gerações; é o tempero da avó...
Interessante também observar que, nessas regiões, à exceção daqueles que fazem do vinho o seu ganha-vinho – ou melhor, o seu ganha-pão – as pessoas têm pouco interesse em fazer da degustação um ato racional ou, em outras palavras, intelectualizar a degustação do vinho. Bebe-se o vinho porque se gosta do vinho.
Alí o vinho se harmoniza naturalmente com a culinária local, que, por sua vez, espelha a tradição gastronômica de gerações. Ou seja, ninguém se ocupa da possível harmonização do vinho local com um prato de atum teryaki ou philadelphia rolls.
Para isso, inventaram o sake...
Que os japoneses não me ouçam... "Tim Tim".
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