Quando
pensamos em vinhos espumantes sempre vêm às nossas mentes os Champagnes ou os vinhos espumantes
brasileiros, ou ainda os outrora populares, em especial em festas de casamento,
Proseccos italianos (ainda hoje há
pessoas que usam a palavra Prosecco como
sinônimo para qualquer vinho espumante).
Para os
consumidores em geral, espumante italiano é Prosecco,
um vinho espumante barato, fácil de beber, como aqueles que inundavam o mercado
brasileiro no final da década de 1990 e início da de 2000.
Quando
queremos algo mais, por assim dizer, “elegante” partimos para Champagnes, em geral de casas
internacionalmente famosas, verdadeiras “marcas”, como Veuve Clicquot e Moët Chandon
(e que nem sempre correspondem às expectativas).
Porém, o
mundo do vinho oferece uma alta gama de espumantes, desde Champagnes “menos badalados” e mais artesanais, passando por Cavas e pelos nossos belos espumantes
nacionais, até os incríveis e elegantes vinhos italianos da DOCG (Denominazione di origine controllata e
garantita) Franciacorta.
Faz alguns
anos, viajando com minha mulher pela Itália, nossos queridos amigos italianos Maurizio
e Caterina nos levaram para conhecer in
loco um dos mais bem guardados segredos viníferos da Itália: os vinhos da Franciacorta.
Junto com
nossos amigos, visitamos a tradicional vinícola Ricci Curbastro. Fomos recebidos pelo simpático proprietário
Riccardo Ricci Curbastro, que além de nos regalar com uma bela degustação de
seus vinhos, nos contou, durante a visita quen incluiu o museu do vinho, a
história da região, os estilos e o método de elaboração dos vinhos. Um dia
inesquecível!
A Franciacorta é uma pequena e belíssima região
inserida na província de Brescia, na Lombardia, ao sul do Lago de Iseo, formada por diversas comunas (Adro, Capriolo, Cazzago San Martino,
Cellatica, Coccaglio, Cologne, Corte Franca, Erbusco, Gussago, Iseo, Monticelli
Brusati, Ome, Paderno Franciacorta, Paratico, Passirano, Provaglio d'Iseo,
Rodengo Saiano, Rovato e Brescia),
que produz incríveis vinhos espumantes excusivamente pelo método tradicional,
com segunda fermentação em garrafa, nos mesmos moldes de Champagne. Apenas para ilustrar, a Franciacorta possui cerca de 5.400 acres de vinhedos plantados e
cerca de 100 produtores contra 80.000 acres de vinhedos plantados e cerca de
19.000 vignerons e casas produtoras
em Champagne. A qualidade dos vinhos
espumantes da Franciacorta,
entretanto, é incrível, rivalizando, ouso dizer, com os Champagnes.
Em 1967, a Franciacorta recebeu o status de DOC (Denominazione di origine controllata), abrangendo também vinhos
tranquilos (não espumantes) tintos e brancos. Já em 1995, passou ao status de DOCG Denominazione di origine controllata e garantita), abrangendo
apenas vinhos espumantes. Os demais vinhos (tranquilos brancos e tintos),
passaram para uma nova DOC, Terra di
Franciacorta. Pelas regras desta DOC os brancos são elaborados com a Chardonnay e/ou com a Pinot Bianco, e os tintos são sempre assemblages com Cabernet Franc ou Cabernet Sauvignon
predominando coma Merlot, e pequenas proporções de Barbera e Nebbiolo. A Pinot Nero, de seu turno, além dos vinhos espumantes, aparece em
vinhos IGT (Indicazione Geografica Tipica).
Pelas
regras da DOCG Franciacorta, apenas
as uvas Chardonnay, Pinot Nero e Pinot Bianco podem ser utilizadas (a Pinot Grigio foi excluída em definitivo pelos produtores ainda no
início da década de 1990).
A Chardonnay é a cepa que prevalece nos
vinhos Franciacorta, correspondendo a
80% dos vinhedos plantados, enquanto que a Pinot
Nero corresponde a 15% e a Pinot
Bianco 5%.
O método de
vinificação empregado é o metodo classico,
termo italiano correspondente ao méthode
Champenoise ou méthode traditionnelle
francês, que, em resumo, significa a utilização da técnica da segunda
fermentação na próprio garrafa (o gás carbônico fica enclausurado no vinho
dentro da garrafa, chegando a atingir 6 bars de pressão atmosférica dentro da
garrafa), que obviamente se reflete na qualidade do vinho final.
Tal qual em
Champagne, os Franciacorta podem ser safrados (millesimato) ou não. Os
não-safrados só podem ser lançados no mercado 25 meses, no mínimo, após a
colheita, enquanto que os millesimati
apenas após, no mínimo, 37 meses contados da colheita.
Os Franciacorta rosados necessitam ter em
seu assemblage Pinot Nero na proporção mínima de 15%. Já os Satèn (termo local correspondente ao termo francês blanc des blancs) são elaborados
exclusivamente com as cepas brancas Chardonnay
e/ou Pinot Bianco, sendo produzidos
com 4.5 bars de pressão (em contraponto aos 6 bars usuais) de forma a conseguir
um vinho mais macio e sedoso.
Há ainda a
categoria dos Franciacorta Riserva,
vinhos de safras específicas, rosé ou santèn, com fermentação em garrafa por 60
meses, e lançados ao mercado após, no mínimo, 67 meses a contar da colheita.

Tal qual
ocorrem em Champagne e o termo AOC (Appellation d'Origine Contrôlée), já faz
alguns anos pelas regras da DOCG os vinhos da Franciacorta não mais precisam fazer constar nos rótulos o termo
DOCG, bastando apenas a menção genérica à Franciacorta.
Alguns
produtores a serem destacados (alguns não encontrados no Brasil): Ricci
Curbastro, Berlucchi, Monte Rossa, Bellavista, Barone Pizzini, Montesina e Ca’del
Bosco.
Se você
ainda não escolheu seu espumante para celebrar a chegada de 2013, ainda há
tempo... Salute!
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