
Embora seja
um entusiasta de vinhos a base de Cabernet
Sauvignon, dentre doutros estilos, achei que seria loucura um vinho tinto
potente com o calor que fazia, mesmo com o ar-condicionado. A solução?
Um belo e elegante Pinot Noir.
Optei,
então, por um velho conhecido, um porto mais do que seguro, o Chacra Pinot Noir Treinta y Dos 2006.
Como sempre ocorre com os rótulos dessa vinícola argentina, o vinho não
decepcionou, muito ao contrário, mostrou-se elegantíssimo, lembrando em muito
um belo Borgonha, quiça um Pommard, já maduro, mas sem perder a típica tensão
dos bons Borgonhas, com um miríade de aromas. Os 13,5% de teor etílico sequer
se pronunciavam dado ao equilíbrio do vinho (na safra 2010 o teor alcoólico diminuiu para 12%, já fruto de um
maior conhecimento do terroir local, com a colheita um pouco antes do que o até então usual).
A Bodega Chacra é um daqueles segredos bem
guardados, afinal quem apostaria em Pinot
Noir argentino? Em que pese os esforços de marketing de nossos vizinhos, não acho que a Patagônia, como um
todo, mereça se destacar no mundo dos vinhos por seus Pinots, mas sim muito mais por seus Malbecs. Porém, os vinhos da Bodega
Chacra são, sem dúvida, a exceção à regra.

A Bodega
Chacra pertence a Piero Incisa della Rochetta, da familia proprietária do
Sassicaia, um dos ícones italianos. Conta-se que anos atrás Piero Incisa della
Rochetta degustou um vinho Pinot Noir oferecido por sua prima a Condessa Noemia
Cinzano (ex-proprietária da vinícola Argiano, em Montalcino, na Toscana e
proprietária da Bodega Noemia, na Patagônia argentina). Impressionado com o
vinho, que pensou ser um Borgonha, Piero, ao saber do local de origem, tratou
de adquirir, em 2004, o vinhedo de onde provinha aquele misterioso vinho, um
vinhedo abandonado datado de 1932. E assim fundou a Bodega Chacra, comprando
posteriormente novos vinhedos nas cercanias, um com vinhas plantadas em 1955 e
outro com vinhas de 1967.
Hoje a
Bodega Chacra produz quatro rótulos:

2) O Chacra Pinot Noir Cincuenta y Cinco, também
um belíssimo vinho, com uvas provenientes de um vinhedo datado de 1955;
3) O Barda,
vinho de entrada da vinícola, produzido com uvas de vinhedos mais jovens, em
geral plantados para substituir vinhas mortas dos demais vinhedos da vinícola,
de excelente custo-benefício, com qualidade incrível para sua faixa de preço
(para ver se uma vinícola é realmente diferenciada, devemos atentar não apenas
para os vinhos de alta gama, mas pelos de entrada, onde podemos verificar o
cuidado do enólogo e a qualidade do terroir);
4) Mainqué
Merlot, um varietal com a uva Merlot que tem apresentado bons resultados na
Patagônia.
Consta
ainda nos planos da vinícola mais um vinho, o Chacra Pinot Noir Sesanta y Sete,
ainda a ser lançado.
Uma bela
surpresa para os amantes, ou não, da temperamental Pinot Noir.
Salud!
Um comentário:
Hoje a vinícola Argiano pertence a um brasileiro, o Andre Esteves do Banco de investimentos BTG Pactual. Inclusive ja consta como Presidente da vinícola.
abs
Postar um comentário