O Penfolds Grange pode ser
considerado o embaixador dos vinhos australianos, o primeiro grande vinho
daquele distante país, capaz de rivalizar com os Bordeaux mais famosos e com outros grandes vinhos do mundo.
Em 1950 Max Schubert visitou a Europa e diversas vinícolas, aprendendo
novas técnicas até então desconhecidas na Austrália cuja produção vinícola à
época se focava mais em vinhos generosos.
Retornando à Austrália, Max Schubert decidiu criar um Premier Cru australiano nos moldes dos
grandes Bordeaux, inclusive para
longa guarda.
Com dificuldades para encontrar as castas bordalesas típicas, Schubert
optou por usar predominantemente a Shiraz
(nome usado pelos australianos para a Syrah),
cepa que até hoje é a mais emblemática da Austrália.
Em 1951 nasceu a primeira safra do Penfolds
Grange Hermitage (o termo Hermitage
somente deixou de ser usado em 1989), safra experimental não colocada à venda.
A safra de 1952 foi a primeira safra do Penfolds Grange vendida comercialmente. Entretanto, em um contexto
local em que os vinhos generosos prevaleciam, o Grange recebeu críticas negativas, o que levou a vinícola a proibir
sua produção.

Ao contrário dos grandes vinhos do mundo que refletem um terroir único, muitas vezes oriundos de
vinhedos únicos específicos, o Penfolds
Grange, seguindo uma tradição típica australiana (hoje não mais absoluta,
registre-se, com produtores procurando elaborar vinhos de vinhedos específicos),
não procura transmitir um senso de lugar. Suas uvas vêm de diversos pontos de
uma vasta área na parte sul da Austrália, mudando a composição do vinho ano a
ano. Composição esta, assim como a quantidade de garrafas produzidas, mantida
em segredo.

Uma outra curiosidade é a designação Bin
que consta do rótulo do Penfolds Grange.
Bin se refere, no mundo vitivinícola
australiano, ao lugar onde determinado vinho é guardado na adega para
amadurecer até ser engarrafado.
A primeira safra do Penfolds
Grange em 1951 ostentava Bin 1, a
de 1952 Bin 4, e muitas outras
numerações em outras safras posteriores, até que em 1964 passou a ser usada a
designação Bin 95, que prevalece até
hoje.
Embora raramente opte por descrever tecnicamente vinhos nesse blog, até porque acredito que a
degustação tenha um caráter mais passional, emocional, do que propriamente
técnico (mas isso deve ser objeto de um post
próprio), não posso me furtar de analisar esse belo vinho, ainda que de
forma resumida. Até porque o Penfolds
Grange 2005 não decepcionou!

Aliás, a persistência foi o que mais me impressionou. Um daqueles vinhos
que podemos lembrar do cheiro e do gosto muito tempo depois.
Em suma, uma belíssima experiência.
Cheers!
Um comentário:
Perfeito CB. Senti também um aroma nítido de defumado. E, concordo, o final de boca dele dura quase 90 segundos. Um espanto! Gde abs e parabéns pelo post.
Felipe Cuesta
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