Faz quase
nove anos, tive a oportunidade de participar no Rio de Janeiro, junto com o Renato Pellegrini, co-autor deste blog, de uma degustação única dos belos
vinhos da Quinta do Crasto, inclusive da primeira safra (2003) do então
recém-lançado Xisto – Roquette &
Cazes (e que se tornou, ao longo dos anos, um dos meus vinhos preferidos).
Nessa
degustação, apresentada por Tomás Roquette, responsável pela elaboração dos vinhos da Quinta do Crasto, tivemos a oportunidade de degustar os grandes vinhos dessa vinícola, dentre eles o Vinha Maria Teresa 2003, tido como ícone da vinícola e produzido apenas em anos excepcionais.
Aquele foi o primeiro Vinha Maria Teresa que degustei e que por anos ficou na minha memória.
Quase dez
anos depois, e após provar outras safras do Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa, tive a oportunidade de
degustar novamente a safra 2003, dessa feita já com quase 12 anos de vida, e em
seu auge, com uma rara complexidade.
Tal
experiência confirmou não apenas a excelência dos vinhos da Quinta do Crasto (o que se confirma,
inclusive, pelos vinhos de entrada da vinícola, sempre muito bem feitos, seja
em que faixa de preço estejam), mas, sobretudo, que o Vinha Maria Teresa é um dos grandes vinhos do Douro e de Portugal.
No entanto,
o mais interessante é a história por trás desse excepcional vinho, na mais bela
e perfeita sincronia entre tradição e respeito ao terroir e utilização de técnicas modernas.
A vinha Maria Teresa, batizada em homenagem à
primeira neta de Constantino de Almeida (fundador da vinícola), é um dos mais
antigos vinhedos da Quinta do Crasto,
plantado em socalcos e com solo xistoso, e com mais de 90 anos de idade.

E é aqui
que entra a tecnologia a serviço da tradição, da própria ideia de preservação
do terroir, e que, no Douro, ganha
crucial importância como em poucos lugares no mundo.


Entretanto,
embora possa até mesmo parecer óbvia a busca pela manutenção dos field blends, há produtores de outras
regiões vinícolas, mormente do Novo Mundo, que não comungam de tal entendimento
como, por exemplo, a Shafer Vineyards,
e seu célebre vinhedo Hillside, em Stags Leap District, em Napa, na Califórnia. Ali foram
retirados, muitos anos atrás, as diversas cepas misturadas entre si, com Petite Sirah, Alicante Bouschet, dentre outras, e replantadas com Cabernet Sauvignon. Contudo, o resultado
foi mais do que positivo (embora nunca tenha ouvido falar nada sobre o vinho
eventualmente produzido com as uvas anteriores), demonstrando que tudo é uma
questão de tempo, de tradição, de conhecer o resultado (o vinho) ao longo de
décadas, o que o Novo Mundo ainda não é pródigo.

Por isso, o Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa assume contornos de um dos grandes vinhos do Douro e de Portugal, e não apenas por sua inquestionável qualidade, mas, sobretudo, pelo esforço do produtor em preservar a tradição, a história da região.
Saúde!
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