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Faz alguns dias tive a oportunidade de participar do evento Golden
Rio – Wines of Chile, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
O evento foi organizado pela Wines
of Chile entidade privada que congrega vinícolas chilenas com o
objetivo de promover o vinho chileno e suas diversas facetas (regiões, cepas
emblemáticas, estilos, enoturismo etc), principalmente no mercado externo.
Nesse contexto, o Brasil é considerado um dos três mercados internacionais
prioritários para a exportação dos vinhos chilenos.
A percepção da Wines of Chile
aponta para uma grande identificação dos brasileiros com os vinhos chilenos,
não apenas por conta das crescentes exportações (desde 2004 as importações de
vinhos chilenos aumentam ano a ano, mesmo em 2015, ano de crise econômica no
Brasil), mas também pelo enoturismo. Até mesmo pela proximidade, os brasileiros
são os principais enoturistas estrangeiros.
Aliás, recordo-me que em visita à Concha
y Toro em janeiro passado, nossa anfitriã nos informou que os principais
visitantes da vinícola eram brasileiros, superando até mesmo os próprios
chilenos.
O Golden Rio – Wines of Chile é
um evento dirigido a profissionais e é dividido em duas partes, uma degustação
dirigida chamada de Master Class, e uma pequena feira com
estandes de várias vinícolas, algumas ainda à procura de um importador no
Brasil.
A master class desse ano tinha
por título Los Medallistas de Chile,
uma simpática referˆ3ncia aos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Antes da degustação houve uma apresentação com um perfil do Chile, sua
geografia e cultura, além de dados referentes às exportações para o Brasil.
Também fomos brindados com uma explicação sobre a influência das massas
de ar do Pacífico e dos Andes na produção de vinhos, que se traduz em um
complexo sistema de denominações (nem sempre indicado nos rótulos e contra-rótulos)
e que varia conforme a geografia do vale ou subregião (costa, entre cordilleras, andes). Obviamente, há subregiões que não
possuem todas as denominações (o vale de Leyda,
por exemplo), e outras que possuem as três como o vale de Aconcagua.
Em seguida, passamos à degustação dirigida pelo crítico brasileiro Marcelo Copello. Eram onze vinhos a
serem degustados, dentre estes um rosado, um branco e nove tintos. Os vinhos
selecionados eram majoritariamente dos vales de Maipo e Colchagua, com um
apenas do vale de San Antonio e um do
vale de Curicó, passando por vinhos
clássicos e consagrados e vinhos menos conhecidos – e nem por isso menos
interessantes -, alguns ainda sem importador no Brasil. Outro destaque era
a prevalência de assemblages, em
grande parte com Carménère, Syrah e Cabernet Sauvignon. Eis os vinhos degustados:
1o) Maquis Gran Reserva
Rosé 2016 (Valle de Colchagua):
um belo rosado da Viña Maquis elaborado
com Malbec (85%) e Cabernet Franc (15%), apresentando
aromas de goiaba;
2o) Amelia 2015 (Valle de Casblanca): considerado o
melhor Chardonnay do Chile, um
clássico da Concha y Toro que nunca
decepciona;
3o) Montes Twins Red
Blend 2015 (Valle de Colchagua):
um diferente assemblage de Cabernet Sauvignon (35%), Syrah (30%), Carménère (25%) e Tempranillo
(10%) elaborado pela consagrada Viña
Montes;
4o) Pérez Cruz Limited
Edition Cabernet Franc 2013 (Valle del
Maipo): embora admire muito o trabalho dessa vinícola, era um vinho que
ainda não conhecia que se destacava por sua elegância;
5o) Apaltagua Colección
Lmited Edition Carignan 2013 (Valle
de San Antonio): Um vinho com predominância de Carignan, uma das uvas de grande potencial no chile, com um pouco
de Syrah (12%) e Pinot Noir (3%);
6o) Solares 2013 (Valle de Colchagua): um assemblage de Cabernet Sauvignon (30%),
Syrah (30%) e Carménère (40%),
corte típico no Chile, elaborado pela vinícola La Ronciere;
7o) Escalera Icono 2010
(Valle de Curicó): Elaborado pela
vinícola Junta, trata-se de um corte
de Cabernet Sauvignon (20%), Syrah (25%), Carménère (35%) e Petit
Verdot (20%);
8o) Casa Silva Gran
Terroir de Los Andes Los Lingues Cabernet Sauvignon (Valle de Colchagua): Embora ainda jovem, um vinho para os apreciadores da cepa Cabernet
Sauvignon;
9o) Encierra 2012 (Valle de Colchagua): produzido pela
vinícola Encierra, trata-se de um assemblage tipicamente chileno, um corte de Cabernet Sauvignon (72%), Syrah (15%), Carménère (10%) e Petit
Verdot (3%);
10o) Carmen Winemaker’s
Reserve Red Blend 2013 (Valle de
Maipo): um corte de 85% Cabernet
Sauvignon, 10% Petite Sirah e 5% Petit Verdot;
11o) Santa Rita Casa
Real 2012 (Valle de Maipo): um
clássico chileno que demonstra a grande qualidade da Cabernet Sauvignon do vale de Maipo
(e um dos meus vinhos chilenos preferidos), que, como sempre, não decepciona.
Na sequência, passamos para uma feira com cerca de 13 vinícolas chilenas,
com diversos clássicos, como Don Melchor
2012 e Montes Alpha M 2011,
passando por novas descobertas (ao menos para mim), como o Casa Silva Cool Coast Sauvignon Blanc 2016, o
Casa Silva Microterroir de los Lingues
Carménère 2009 e o Junta Late Harvest
Curicó Valley 2015 elaborado com a Gewürztraminer.
Um belo evento, extremamente didático. Senti apenas falta de opções de Syrah (provei apenas dois, um da linha Cool Coast da Casa Silva, e outro Pérez
Cruz Limited Edition) e de outras uvas que vêm apresentando excelentes
resultados no Chile, como a Pinot Noir e
a Carginan, e de mais exemplares de
outras regiões chilenas, como Maule e
Limarí. Em um país com uma ampla
produção de vinhos e diversas regiões como o Chile, tais ausências são mais do que justificadas e podem vir a ser objeto de outros belos eventos da Wines of Chile.
¡Salud!
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