
Nessa viagem, mais de uma dezena de vinícolas foram visitadas e mais de uma centena de vinhos foram degustados, em estilos e níveis de qualidade diversos com grande foco nos Grand Crus. Foi realmente uma jornada surpreendente e didática.
Em uma de nossas visitas, tivemos a oportunidade de degustar um vinho único, um Riesling seco, com dez anos de idade. Simplesmente espetacular, um daqueles vinhos que se destacam no meio de diversos vinhos excelentes, e nos marcam.

Lançado no mercado já com dez anos, o Trimbach Riesling Cuvée Frédéric Emile logo foi aclamado pela crítica especializada internacional, recebendo 96 pontos da Wine Advocate (Stephan Reindhardt) e 95 pontos da Wine Enthusiast (Anne Krebiehl MW).
Porém, sua consagração máxima veio com a perfeita pontuação 20/20 conferida por um dos mais respeitados guias de vinhos franceses, o Bettane + Desseauve, dos experientes críticos Michel Bettanee Thierry Desseauve.

Na verdade, tais parcelas já eram utilizadas na elaboração do Trimbach Riesling Cuvée Frédéric Emile muitos anos antes de Geisberg e Osterberg terem suas extensões definidas e serem alçados ao status deGrand Cru(respectivamente, em 1983 e 1992).
A Maison Trimbach, de seu turno, optou por manter o Trimbach Riesling Cuvée Frédéric Emile “apenas” na classificação Appelation Alsace Contrôlée ao invés de “dividir” o vinho em dois outros vinhos pertinentes aos Grand Crus Geisberge Osterberg, colocando-os na teoricamente mais prestigiosa classificação Appelation Alsace Grand Cru Contrôlée.
A decisão da Maison Trimbach de manter o Cuvée Frédéric Emile fora da classificação Alsace Grand Cru (o mesmo aconteceu com o cultuado Trimbach Clos Saint Hune), reflete uma crítica (hoje já um pouco abrandada) de parte dos produtores alsacianos (Hubert Trimbach, Felix Meyer, Léon Beyer, Marc Hugel, dentre outros) à forma como foram definidos os Grand Crusna Alsácia, e que, em apertada síntese, se centra no número excessivo de Grand Crus e na própria ausência de classificações intermediárias, como as apellations villages e premiers crus, tal como ocorre na Borgonha, dentre outros aspectos.

Na Alsácia não é raro que em visita a produtores haja mais de uma dezena de vinhos possíveis de serem degustados. Assim, é comum que em algumas visitas nos seja indagado que estilo de vinhos preferimos degustar. Porém, para realmente mergulhar em uma região de vinhos e entende-la precisamos afastar nossos gostos pessoais e provar novos estilos de vinhos. Sempre que indagavam isso pedia uma sugestão para que me fosse apresentado um panorama dos vinhos alsacianos e do trabalho e filosofia da vinícola.

Em seguida degustamos o excelente Trimbach Riesling Selection de Vieilles Vignes 2015 e após ao incrível Riesling Cuvée Frédéric Emile 2008.
Recentemente lançado no mercado, já com dez anos de idade, o Riesling Cuvée Frédéric Emile 2008 mostrava que ainda tinha uma longa vida pela frente. Com cor amarelo limão, no nariz se mostrava com intensidade pronunciada e aromas de limão siciliano, damasco, abacaxi, casca de laranja, sílex, notas de pimenta branca e com um leve petróleo, querosene, característicos de Rieslings mais envelhecidos. Na boca, era seco, com muito corpo, quase cremoso, com notas de frutos secos e cítricos, final extremamente longo. Realmente impressionante.


Aumentando o nível de açúcar residual, passamos aos aromáticos Gewürztraminers. Iniciamos com o Trimbach Gewürztraminer Cuvée des Seigneurs de Ribeaupierre 2011, arrebatador no nariz com seus aromas de rosas e lichias.

Um belo início para nossa visita à Alsácia! Santé!
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