
A riqueza do vinho francês reside na grande variedade de microclimas e solos, além de técnicas enológicas, práticas de viticultura, e na própria variedades de uvas existentes na França.
O Jura, uma região montanhosa espremida entre a Borgonha e a Suíça, conta com uma pequena produção de vinhos, exportando apenas 10%.
O Jura produz excelentes vinhos, brancos, tintos, espumantes, o delicioso Vin de Paille (um vinho de sobremesa), e até mesmo um vinho fortificado com aguardente obtido da destilação dos bagaços de vinho local (AOC Macvin du Jura).
A região produz ainda o original e misterioso Vin Jaune (ou vinho amarelo), produzido exclusivamente com a uva Savagnin.
O Vin Jaune não é uma AOP/AOC (Appellation d'Origine Contrôlée/Protégée). Trata-se de um estilo de vinho que pode ser produzido em quatro das AOP/AOCs do Jura: Arbois; Château-Chalon, L’Étoile e Côtes du Jura (as AOPs Macvin du Jura e Crémant du Jura são, respectivamente, exclusivas para vinhos fortificados e para espumantes rosés e brancos).
O Vin Jaune possui um processo bem original, muito similar ao dos vinhos de Jerez, embora não seja fortificado nem utilize o processo de solera como na Espanha.
Após o término da fermentação, o vinho é armazenado em barris antigos, que não são totalmente preenchidos. Os barris são então guardados em um local acima ou abaixo do solo, em um ambiente aerado, com variações naturais de temperatura.

Esse voile (véu) protege o vinho do contato direto com o oxigênio. Essa oxidação controlada acaba por criar um vinho com longo potencial de amadurecimento, com notas de nozes, amêndoas, avelãs, típicas de vinhos com oxidação deliberada.
O Vin Jaune somente pode ser engarrafado, no mínimo, após seis anos e três meses de sua colheita.

A defesa do uso da tradicional garrafa clavelin é um assunto sério para os produtores do Jura. Em 1973 a Comunidade Europeia editou legislação para padronizar os tamanhos das garrafas de vinhos. Os produtores do Jura protestaram fortemente no Parlamento europeu, usando clavelins e queijos Comté. E em 1993 a clavelin obteve a devida autorização, sendo reconhecida como parte da tradição do Jura e da própria França.
Santé!
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