
Conta a lenda que no século XIII, o cavaleiro cruzado Gaspard de Stérimberg, após retornar ferido das cruzadas, foi agraciado pela rainha Blanca de Castilla com o direito de construir uma pequena capela em homenagem a São Cristovão, e ali na colina viveu como um ermitão até fim de sua vida.
Nos séculos XVIII e XIX o vinho tinto de Hermitage era comumente vendido para négociants da Borgonha e de Bordeaux, que misturavam aos seus vinhos para dar mais corpo.
No início do século XX o Hermitage Blanc era mais valorizado e disputado que o tinto, e os négociants precisavam comprar quantidades de tinto para poderem comprar o Hermitage branco.
Após a I Grande Guerra Mundial os vinhos de Hermitage entraram em decadência, até que no início dos anos 1970 tiveram sua glória restaurada.
São produzidos, na AOP Hermitage, vinhos brancos (27% da produção) e tintos (73%).
Os brancos são, em regra, assemblage de Marsanne e Roussanne. No entanto, há também monovarietais com essas uvas, conforme a preferência do produtor. Notas de flores secas, damasco, mel e tostado caracterizam o Hermitage Blanc, um dos brancos franceses de grande longevidade.

Os solos de Hermitage possuem afloramentos graníticos (predominantemente) cobertos de xisto e gnaisse, havendo alguma variação ou combinações de solos pela colina, como, por exemplo Les Greffieux com depósitos aluviais de argila, ou ainda Les Beaumescom arenito argiloso e depósitos aluviais.
A AOP Hermitage se encontra dividida em 20 lieux-dits, com algumas variações de solos entre eles. São eles, com suas respectivas uvas majoritárias:
1. L'Hermite: Syrah, Marsanne, Roussanne;
2. Chante Alouette: Marsanne;
3. L'Homme: Marsanne;
4. La Croix: Marsanne;
5. La Pierelle: Marsanne;
6. Le Méal: Syrah, Marsanne;
7. Les Beaumes: Syrah;
8. Les Bessards: Syrah;
9. Les Doignières: Marsanne, Roussanne;
10. Les Doignières et Torras: Marsanne;
11. Les Grandes Vignes ou Gros des Vignes: Syrah;
10. Les Greffieux: Syrah;
11. Les Murets: Marsanne;
12. Les Rocoules: Marsanne;
13. Les Vercandières: Syrah, Marsanne;
14. Maison Blanche: Marsanne, Roussanne;
15. Plantieres: Syrah;
16. Péléat: Marsanne, Syrah;
17. Torras et les Garennes: Marsanne;
18. Varogne: Syrah.

Alguns dos lieux-dits se destacam mais pelas uvas brancas, como Chante Alouette (Marsanne; M. Chapoutier produz um incrível branco com esse nome), Les Murets (Marsanne) e Maison Blanche (Marsanne, Roussanne).
Um grande debate entre os produtores de Hermitage reside em elaborar vinhos a partir de um único lieu-dit de forma a destacar um terroir específico ou elaborar vinhos com assemblage de terroirs, o que refletiria a essência do vinho Hermitage. A tradição local pende mais para o segundo grupo.
Produtores como Michel Chapoutier e Ferraton Pères & Fils, embora produzam vinhos Hermitage com cortes de terroirs diversos, defendem a elaboração de vinhos a partir de lieux-dits únicos (ou até parcelas dentro de um determinado lieu-dit). Seus vinhos mais topssão de vinhedos únicos.

Há ainda em Hermitage uma ínfima produção de Vin de Paille (vinho doce elaborado pelo método passerillage) elaborado com Marsanne e/ou Roussanne.
Por fim, em alguns rótulos encontramos a grafia Ermitage, sem o “H”, havendo produtores que usam tanto Hermitage como Ermitage em seus diversos rótulos.

Não há uma regra específica para o uso com ou sem o “H”, ambos sendo aceitos. Alguns produtores não usam nunca a grafia antiga. Já outros, como Chapoutier, Guigal e Ferraton usam Ermitage para destacar seus vinhos de mais alta gama (no caso de Chapoutier eFerraton vinhos de lieux-dits específicos).
Santé!
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