A Herdade do Esporão
dispensa apresentações. Reconhecida pela alta qualidade de seus vinhos, é um
dos embaixadores do vinho português, em especial os alentejanos.
Como
tive a oportunidade de escrever antes, a história da Herdade do Esporão
remonta ao século XIII. Porém, é em 1973 que se inicia sua história como
vinícola, ano em que José Roquette e Joaquim Bandeira adquiriram a Herdade do
Esporão.

Após superar as dificuldades dos
primeiros anos, é em 1985 que realiza sua primeira colheita ano em que lançou a
marca Esporão.
Nesses quase 50 anos, o
grupo Esporão se consolidou e se expandiu. Além de estabelecer no mercado os
vinhos da Herdade do Esporão, desenvolveu outros projetos, como a Quintados Murças, no Douro; a Quinta do Ameal, na região demarcada dos
Vinhos Verdes; e recentemente uma pequena cervejaria artesanal no Porto.
Recentemente, por
ocasião do lançamento do exclusivo Torre do Esporão 2017, tive a
oportunidade de participar de uma degustação vertical desse ícone comandada por João Roquette, CEO da Esporão.
O Torre do Esporão
é um vinho de altíssima gama da Herdade do Esporão, contando até hoje
com apenas quatro edições: 2004, 2007, 2011 e o recém-lançado 2017.

No evento foram
degustados os vinhos Torre do Esporão das safras 2007, 2011 e 2017 (o
2004 está esgotado), todos vinhos únicos e especiais.
Iniciamos pelo 2007, ano considerado um dos melhores no Alentejo, ano mais fresco do que o
usual. Um assemblage de Aragonez, Alicante Bouschet, Touriga Nacional
e Syrah, com estágio de 18 meses em barricas novas seguido de três anos
em garrafa. O vinho surpreendeu, mostrando-se muito vivo, com fruta ainda
presente, notas de flor de laranjeira, figo, ameixa seca, menta e notas
balsâmicas, já com aromas terciários surgindo. Final longo e persistente. Madeira
se sobressaindo, até mesmo por conta do estilo em voga na época, com alta
extração.

Já o 2011 apresenta um assemblage
de Touriga Franca (40%), Alicante Bouschet (30%) e Syrah (30%),
com estágio de 18 meses em barricas novas e três anos em garrafa. Apresentou
taninos em harmonia com a acidez, com muita concentração e notas de frutas
negras, cacau, menta e algumas notas de especiarias com final longo e
persistente. Um belíssimo vinho com muitos anos de vida pela frente.
A estrela da noite, o Torre
do Esporão 2017, não decepcionou! Embora com 5 anos de vida, revelou-se muito especial, fruto de um ano tido como um dos melhores no Alentejo.
O Torre 2017 é
uma corte de Aragonez (40%), Touriga Franca (30%), Alicante
Bouschet (25%) e Touriga Nacional (5%), com origem em vinhedos
diversos, criando um mosaico especial.

A Aragonez é
oriunda da Vinha Canto do Zé Cruz plantada em 1980 a 200 metros de altitude,
com solos franco-arenosos com presença de granito e argila após 20 metros de
profundidade; a Touriga Franca vem da Vinha do Rochedo (plantada
em 2005 também a 200 metros de altitude, com solos de transição entre xisto e granito com
textura franco-arenosa) e a Touriga Nacional vem da Vinha do Badeco plantada
em 1988 a 200 metros de altitude (solos xistosos), todas parcelas dentro da Herdade
do Esporão, em Reguengos de Monsaraz.

Já a Alicante
Bouschet é oriunda de dois terroirs distintos. 15% dos 25% de Alicante
Bosuchet são oriundos da Vinha das Palmeiras, da vizinha Herdade
dos Perdigões, em Reguengos de Monsaraz. Plantada em 1996 a 225
metros de altitude, essa parcela apresenta solos argilosos e profundos com
excelente drenagem.
O restante da Alicante
Bouschet (10% de 25% do corte) vem da Vinha do Machuguinho da chamada
Propriedade dos Lavradores, em Portalegre, agregando mais frescor
ao vinho. Plantada em 2003 a 400 metros de altitude, essa parcela apresenta
solos arenosos de origem granítica.

Cada uva é fermentada
separadamente, inclusive as parcelas de Alicante Bouschet, com exceção
das duas Tourigas que são co-fermentadas. A Alicante Bouschet não
passa por pisa.
O vinho então passa por
um estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês novas e de segundo uso,
de 500 litros, e parte em balseiros de 5000 litros. Após há um estágio de três
anos em garrafa.
Ainda em sua juventude,
o Torre do Esporão 2017 foi o melhor da vertical, apresentando frutas
pretas com notas de cacau, alcaçuz e menta. Um final longo e bem persistente.
Com certeza, ganhará em complexidade e elegância nos próximos dez, quinze anos.
Um vinho a ser revisitado!
Uma novidade, no novo
posicionamento dos vinhos da Herdade do Esporão: nos anos em que for
lançado o Torre do Esporão não haverá o Private Selection tinto.
Este somente será lançado em bons anos, mas que não originem o Torre do
Esporão. Nos demais anos, não haverá lançamento de nenhum dos dois vinhos,
preservando-se um alto standard de qualidade mínima.
Para escoltar a
vertical do Torre do Esporão, foram servidos ainda os não menos
deliciosos Private Selection Branco 2020 e o Tinto 2016.
Uma noite mágica com
uma inesquecível e histórica degustação de vinhos especiais! Saúde!
Nenhum comentário:
Postar um comentário