Chama-se American Viticultural
Area (AVA) o sistema de denominação de origem dos vinhos adotado nos
Estados Unidos da América.
O órgão responsável por administrar tal sistema,
inclusive modificando ou criando novas AVAs é o Bureau Of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives (ATF).
Recentemente, o referido órgão aprovou quatro novas AVAs:
1) Moon Mountain District Sonoma
County: Localizada dentro de outra AVA, Sonoma
Valley, essa sub-AVA procura destacar características de suas uvas
cultivadas em montanhas das demais cultivadas em Sonoma Valley;

3) Big Valley District-Lake County
e Kelsey Bench-Lake County: Ambas
localizadas em Lake County e criadas
pela mesma norma (T.D. TTB–118) que também modificou os limites da já existente
AVA de Red Hills Lake County.
As AVAs são regiões
delimitadas a partir de traços geográficos, subclimas e até mesmo fatores
históricos, com limites oficialmente reconhecidos e definidos pelo órgão
regulador local.

Existem AVAs com vasto território, como, por exemplo, Sonoma Valley (Califórnia) ou Columbia Valley (Washington), e dentro
das quais se encontram outras AVAs menores.

Poder-se-ia dizer que as sub-AVAs seriam uma especificação das AVAs
maiores, um forma de fortalecer a identidade dos vinhos de determinada
localidade, inclusive à luz de fatores histórico-culturais, como práticas
comuns adotadas pelos produtores locais.
O que ocorre com as sub-AVAs nada tem de novo no mundo do vinho,
existindo sub-regiões menores em diversas regiões vinícolas. E aqui vale lembrar a autorizada lição de Karen MacNeil (A Bíblia do
Vinho) que, embora direcionada a Bordeaux,
se aplica às sub-AVAs norte-americanas (ou a qualquer denominação de origem
criada dentro de outra já existente): “Pense
nas denominações como numa série de caixas cada vez menores, uma dentro da
outra (...)”. Assim, a caixa maior seria, por exemplo e para ficar dentro
do nosso tema, Napa, e a menor Oakville, e assim por diante, conforme o
caso.
As AVAs, não obstante algumas críticas recebidas quanto à sua
proliferação (basicamente, “confundiriam o consumidor”, segundo seus críticos), se mostram
imprescindíveis para a construção de uma noção de terroir na Califórnia e em outras regiões produtoras
norte-americanas. São imprescindíveis para a construção de uma identidade cultural-vinícola.
A crítica de que a proliferação de AVAs criaria confusão entre os
consumidores, ao nosso ver, não procede e beira à mediocridade.
Entender o vinho por sua região, por seus fatores histórico-culturais, e
não apenas por suas uvas, é uma mera questão de educação (e de interesse
pessoal) e que demanda tempo. Mesmo em países com vasta tradição vinícola, nem
sempre o consumidor médio tem a exata noção das diferentes denominações de
origem ao seu dispor e suas características.
A pergunta como que devemos responder a tais críticas é simples: que
espécie de vinhos desejamos? Algo massificado, um produto de marketing global, ou algo único, com
identidade e alma? Se a resposta é a última parte da segunda pergunta (pelo menos
é a minha), então a especialização das AVAs e outras denominações de origem é
essencial, fortalecendo a identidade cultural local e tornando seus vinhos únicos. Ademais, é divertido explorar e descobrir novos vinhos e produtores...
Cheers!
Nenhum comentário:
Postar um comentário