
Um Syrah elegante com frutas maduras, um certo
frescor (embora distinto dos chamados Syrahs
de climas frios, como alguns chilenos do Valle
de Casablanca, ou alguns californianos como os de Santa Maria Valley), e um leve toque de especiarias como pimentas.
E pelo preço na importadora me pareceu de excelente custo-benefício, além de
valer pela oportunidade de degustar um vinho do Marrocos.
Trata-se de
um projeto em conjunto da vinícola marroquina Domaine des Ouled Thaleb e do produtor francês Alain Graillot, considerado um dos grandes enólogos de Crozes-Hermitage e especialista em
vinhos elaborados com a casta Syrah.
O Domaine des Ouled Thaleb é a vinícola
mais antiga do Marrocos fundada em 1923 e responsável pela modernização da
indústria vitivinícola do país a partir dos anos 1990.
O que pode
causar uma certa surpresa ao leitor é um país com quase 100% da população
muçulmana, uma religião que proíbe o consumo de álcool, e com grandes desertos
produzir vinhos.

Atualmente,
o Marrocos produz cerca de 40 milhões de garrafas de vinhos por ano. Desse
total, apenas 5%, no entanto, é exportado.
Com nítida
inspiração francesa, existem sete regiões produtoras subdivididas em 14 Appellations d'Origine Garantie (AOGs) e
1 Appelation d'Origine Contrôlée (AOC).

Eis as
regiões e as respectivas denominações de origem marrquinas:
Leste
marroquino:
Beni Sadden AOG
Berkane AOG
Angad AOG
Região de Meknès e Fès:
Guerrouane AOG
Beni M'tir AOG
Saiss AOG
Zerhoune AOG
Coteaux de l’Atlas AOC
Região
norte:
Gharb AOG
Região de
Rabat e Casablanca:
Chellah AOG
Zemmour AOG
Zaër AOG
Zenatta AOG
Sahel AOG
Região de
El-Jadida:
Doukkala AOG
Embora
grande parte do país possua um clima desértico, as regiões produtoras de vinhos
ficam aos pés de montanhas nas proximidades da costa atlântica ou mediterrânea.
Dessa forma, a altitude e a influência marítima contribuem para preservar a
acidez das uvas contribuindo para a elaboração de vinhos equilibrados. Some-se
a isso uma boa inversão climática diurna e noturna e solos pobres com rochas e
pedras, e lá estão condições propícias ao cultivo de vinhas e à elaboração de
vinhos.
As
principais cepas no Marrocos são: Syrah,
Grenache, Carignan, Cabernet Sauvignon e Merlot para os tintos; e para os brancos Chenin Blanc, Sauvignon Blanc, Sémillon e Chardonnay
A presença francesa (leia aqui e aqui sobre a
influência francesa no Novo Mundo) é notada não apenas pelo projeto de Alain Graillot com o Domaine des Ouled Thaleb, mas também
pela presença de enólogos franceses e até mesmo pela propriedade de vinícolas
marroquinas por grupos franceses, como o Domaine
Excelcio e Kahina de propriedade de Bernard
Magrez (Château Pape Clément, Graves,
Bordeaux; Château La Tour Carnet, Haut-Médoc, Bordeaux etc). A exceção à
influência francesa é o Les Celliers de
Meknès, projeto de Albert Costa
da vinícola espanhola (Priorato) Vall Llach.
E você,
leitor, já degustou um vinho marroquino?
Santé!
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